segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Capítulo 11 [Origem das Espécies e dos Grandes Grupos de Seres Vivos.]

Capítulo 11
- Origem das Espécies e dos Grandes Grupos de Seres Vivos.

















Em 24 de novembro de 1859, o cientista inglês Charles Robert Darwin lançou o livro A Origem das Espécies, onde apresentava questões relacionadas à gênese, ao desenvolvimento da vida. Nele, rejeitou o princípio de fixidez das espécies, aderindo à noção de variação gradual dos seres vivos graças ao acúmulo de modificações pequenas, sucessivas e favoráveis e não por modificações extraordinárias, surgidas repentinamente.
Foi nessa obra que Darwin apresentou o núcleo de sua concepção evolutiva - a seleção natural ou a persistência do mais capaz. Além disso, fazia parte das idéias de Darwin, ainda que mal esboçada no Origem, a incorporação do ser humano no reino animal.
Tal foi o grande impacto de suas teorias em sua época que a primeira edição da Origem, com tiragem de mil duzentos e cinquenta exemplares, esgotou-se no primeiro dia. O Darwinismo apresentado por Charles Darwin e Wallace - naturalista inglês, evolucionista, geógrafo, antropólogo, crítico social e teorista, e que foi também co-inventor da teoria da Seleção Natural e a base do desenvolvimento da biogeografia - na sua obra “Origem das Espécies” propõe, baseados em Malthus, que as populações crescem mais rapidamente que as suas fontes de alimento, o que conduz a uma luta pela existência na qual cada indivíduo fará uso das diferenças individuais herdadas dos seus ancestrais; os mais aptos sobrevivem num processo de seleção natural e, como meios diferentes selecionarão indivíduos diferentes, isto originará novas espécies.
As idéias de Darwin logo encontraram fortes oponentes, desde muitos cientistas - que viam na teoria a incapacidade para explicar a origem das variações entre espécies e indivíduos de uma espécie - até líderes religiosos, pois as idéias de Darwin iam contra quaisquer concepções da origem da vida segundo os preceitos teológicos vigentes.

O problema da não aceitação da teoria darwiniana por parte de cientistas obrigou Darwin a utilizar-se das idéias de Lamarck quanto à adaptação ao meio. Sua teoria, no entanto, passaria a ser aceita pelo meio científico apenas no século XX, depois das descobertas de Mendel acerca da transmissão hereditária de caracteres. Somente em 1997 a teoria recebeu anuência do representante máximo da Igreja Católica, o Papa João Paulo II. A teoria de Darwin revolucionou definitivamente o modo como o mundo científico e o homem de maneira geral compreendem a existência da vida no planeta.

11.1 Os Conceitos de Anagênese e Cladoganese













O processo evolutivo envolve dois mecanismos de especiação: a anagênese e a cladogênese.

Anagênese (ana = para cima; gênesis = origem): representa a progressiva evolução de caracteres que surgem ou se modificam, alterando a freqüência genética de uma população. Portanto, uma inovação orgânica, favorável ou desfavorável, selecionada e adaptada ao ambiente. Geralmente se estabelecem por eventos relacionados à mutação e permutação em cromossomos homólogos.

Cladogênese (clado = ramo): compreende a ramificação filogenética, ocasionando a ruptura na coesão de uma população, que em função de contínuas transformações anatômicas e funcionais, em resposta às condições ambientais, resultam na dicotomia (separação, neste caso em grupos) da população, estabelecendo diferenças capazes de originar clados não compatíveis.




11.2 Gradualismo e Equilíbrio Pontuado












A escala geológica e as teorias segundo a especiação das espécies.

Durante o processo de evolução das espécies, correntes de pensamentos divergentes propuseram teorias para explicar a formação e perpetuação de novas espécies, através de mecanismos de especiação.

Por volta de 1859 a 1972, vigorava a teoria do Gradualismo, proposta por Charles Darwin, defendendo o acúmulo de pequenas modificações ao longo de várias gerações, portanto um evento lento, condicionado pela transferência hereditária de mudanças no comportamento morfológico e fisiológico do indivíduo.

Contrária a essa corrente, surgiu uma teoria científica formulada após 1972, pelos paleontólogos evolucionistas Stephen Jay Gould e Niles Eldredge, denominada de equilíbrio pontuado (saltacionismo, pontualismo ou teoria dos equilíbrios intermitentes). Segundo essa linha de pensamento, a evolução de uma espécie não ocorre de forma constante, mas alternada em períodos de escassas mudanças, com súbitos saltos que caracterizam alterações estruturais ou orgânicas adaptadas e selecionadas.

Este entendimento, para compreensão da especiação, fundamentou-se em questionamentos acerca da descontinuidade do registro fóssil, conseqüência da não constatação de indícios com relação às mudanças graduais.

Contudo, a verificação intermitente (de tempo em tempo) de espécies fósseis, contidas em extratos sedimentares formados ao longo da escala geológica, demonstrava um contexto evolutivo em que as especiações provavelmente ocorressem em períodos pontuais, ou seja, bem curtos, pelos quais os organismos passavam por mudanças, estabilizados em momento subseqüente (em saltos).

No entanto, várias contestações surgiram, partidas da tendência tradicional Darwinista, visto que o registro fossilífero é impreciso e falho (incompleto).



11.3 O conceito de Espécie Biológica


- Species = tipo.
- Espécies representam a unidade básica da sistemática, evolução, genética e outras áreas da biologia.
- Espécies são categorias da folk biology.
- Ao procurarmos definir “espécie”, devemos ter em mente que:
a) Definições são convenções. Portanto, não podem ser caracterizadas nem como falsas, nem verdadeiras;
b) No entanto, definições podem ser mais ou menos úteis e podem ser mais ou menos bem sucedidas em caracterizar um conceito ou um objeto de discussão.
Existe uma concordância entre os biólogos de que espécies são as unidades individuais da diversidade e que podem ser identificadas. O problema surge quando se tenta definir essas unidades.
1. O conceito tipológico (Linneus). Baseado na filosofia grega do eidos. (Para Platão: a natureza genuína e imutável de alguma coisa). Indivíduos são da mesma espécie se eles conformam-se a um tipo que tem propriedades essenciais fixadas.
Problemas: existência de variações entre organismos [dimorfismo sexual, formas sexuadas e assexuadas, existência de estágios de desenvolvimento (ovo, larva, pupa, adulto; gametófito e esporófito), polimorfimos em cada estágio], torna impossível identificar uma “essência” da espécie. Além disso, essências são imutáveis.
2. O Nominalismo de Darwin: Espécies são construtos da mente humana impostos sobre um continuum de variações.
3. E. Mayr (1942) documentou que:
a) Muitas características variam entre os membros de uma população de indivíduos que cruzam entre si. Algumas vezes essas variações são contínuas, outras vezes são discretas (Figura 1).
b) Populações em localizações geográficas diferentes normalmente diferem em um ou mais caracteres. Muito freqüentemente, existem formas intermediárias onde essas populações se encontram.
c) Às vezes, o que parece ser uma única espécie pode incluir duas ou mais populações que ocupam uma mesma área, mas que não cruzam entre si (Ex. Figura 2. Espécies crípticas)







Figura1. Variação Polimórfica. As duas formas são encontradas na mesma ninhada.



Figura 2. Sibling Species. Cethia brachydactyla e C. familiares são morfologicamente idênticos.





- Isso levou à aceitação geral do CONCEITO BIOLÓGICO DE ESPÉCIE (CBE): “Espécies são grupos de populações real- ou potencialmente intercruzantes que estão isoladas reprodutivamente de outros grupos”. (Dobzhansky, 1937; Muller, 1942 e Mayr, 1942)
- Discussões Sobre o CBE:
1. Domínio restrito de aplicação [a) organismos assexuados?, b) antepassados de formas atuais devem ter o mesmo nome?]
2. A definição é posta em termos de população, não de organismos individuais. Dois indivíduos podem ser incapazes de intercruzamento (dois machos, Cão Dinamarquês e Chihuahua) e, mesmo assim, serem membros de uma mesma comunidade reprodutiva ou gene pool.
3. O critério é intercruzamento ou, mais exatamente, troca genética, entre populações na natureza, não fertilidade ou esterilidade. No entanto, muitos cruzamentos podem produzir prole estéril (Ex.: mula). Ainda, existem muitos exemplos de cruzamentos entre espécies diferentes que produzem descendentes férteis (Figura 3).






Figura 3. Apesar das diferenças conspícuas, essas duas espécies podem gerar híbridos férteis.




Tabela 1. Uma Plétora de Conceitos de Espécie
Conceito
§ Definição

Biológico
§ Uma espécie é um grupo de indivíduos completamente férteis entre si, mas isolados reprodutivamente de outros grupos semelhantes por suas propriedades fisiológicas (produzindo qualquer incompatibilidade de pais, ou esterilidade dos híbridos, ou ambos). (Dobzhansky, 1935).
§ Espécies são grupos de populações real- ou potencialmente intercruzantes que estão isolados reprodutivamente de outros grupos. (Mayr, 1942).

Evolutivo
§ Uma espécie é uma linhagem (uma seqüência ancestral-descendente) de populações ou organismos que mantêm identidade em relação a outras linhagens e que possui suas próprias tendências evolutivas e destino histórico (Wiley, 1978).
Filogenético
§ Uma espécie é um grupo simples de organismos que é diagnosticamente distinto de outros grupos, e dentro do qual existe um padrão parental de ancestralidade e descendência (Cracaft, 1989)
§ Uma espécie é o menor grupo monofilético de um ancestral comum (de Queiroz & Donoghue, 1990)
Identificação
§ Uma espécie é uma população de organismos que compartilham um sistema de fertilização comum (Paterson, 1985).
Conceito
Ecológico
§ Uma espécie é uma linhagem (ou intimamente relacionado conjunto de linhagens) que ocupam uma zona adaptativa minimamente diferente de outras linhagens e que evolui separadamente de todas as outras linhagens (Van Valen, 1976).
Conceito
Internodal
§ Organismos individuais são da mesma espécie em virtude da pertença comum a uma parte da rede genealógica entre dois eventos permanentes ou entre uma divisão permanente e um evento de extinção (Kornet, 1993).

- Nominalismo X Realismo
- Conceito Pluralista de Espécie

Não há razão para supor que a evolução forneceu qualquer classificação objetiva e exclusivamente privilegiada do mundo biológico.

6 comentários:

  1. Valeu Leo e Natasha, vcs conseguiram caprichar mais ainda nesse blog do 3f, muito legal mesmo!!! Parabéns... E continuemos assim sempre postando atualizações semanais dos conteúdos ministrados em sala. Abraço a todos e vamos fazer comentários para engrandecer nossos conhecimentos.

    ResponderExcluir
  2. Os pinguins marcharam até o monte Oamock em busca do par perfeito. Realizam o ritual de acasalamento. O casal se separa após um breve tempo suficiente para a fecundação. A fêmia sai em busca de alimento e deixa o ovo para ser chocado pelo macho. Ao retornar, a fêmia tem a tarefa de preparar o filho para a vida adulta.

    ResponderExcluir
  3. pois é, Darwin foi muito importante pra ciencia.. HEHE

    ResponderExcluir
  4. O CAPÍTULO 11, FAZ COM QUE OS ALUNOS CONHEÇAM A NOSSA PRÓPRIA ORIGEM E O GRUPO QUE NÓS PERTENÇEMOS!

    PODEMOS CONHEÇER O CRIADOR, AS FASES E ETC!
    É UM ASSUNTO MUITO IMPORTANTE E MUITO LEGAL DE SE DEBATER EM AULA!
    AGORA É SÓ OS ALUNOS FICAREM ATENTOS E FICDARMOS DEBATENDO 0 ASSUNTO ENTRE NÓS!

    ResponderExcluir
  5. kkkkkkkkkkkkkkkk... a menina comentou sobre os pinguins no tópico de Darwin.. mas valeu AUHSUDAH =D
    [A origem da vida, é uma coisa super interessante de ser estudada, tanto no ponto de vista religioso quando no científico. o tipo de evolução do homem pelo macaco, a cada anos que se passavam, tipo o macaco ficava maior, ou com aparencia de homem, já criando características corporais de postura. entao após milhões de anos, a aparencia de animais e plantas ficou bem diferente do que era. aqueles que se desenvolveram melhor, foram os que tiveram a chance de se adaptar as inúmeras mudanças que ocorreram em nosso planeta.. x]

    ResponderExcluir
  6. Darwin é o cara, apesar que eu não creio nas tese dele =D, ele foi importante pra ciencia ate nos dias de hj

    ResponderExcluir